Antes de começar esse texto, quero deixar claro que se trata de uma opinião ÚNICA e EXCLUSIVA minha. Tudo o que for escrito aqui, diz respeito APENAS ao que penso e não ao clube que represento.
Dito isso, quero aqui expressar minha indignação com relação ao principal “produto” do Futebol de Mesa: a BOLA! É inadmissível continuarmos jogando com verdadeiros ‘ovos’, bolas tortas sem a mínima condição de uso.
Uma vez que usamos o Futebol de Mesa como uma adaptação ao futebol, claro, guardadas as devidas proporções, cabe aqui, alguns comparativos: No futebol, existem diferenças entre estádios, uns com grama alta, outros baixas, outros desnivelados, enfim, cada clube tem seu próprio estádio e cabe ao adversário adaptar-se a cada situação, mas, jamais, em hipótese alguma, vemos um campeonato ser disputado com ‘bolas ovais’. Exemplo típico ocorreu na Copa do Mundo da África, onde muitos atletas criticaram a tal ‘Jabulani’. As principais reclamações eram com relação ao peso da bola e as curvas que a mesma fazia no ar após um chute. Ou seja, apesar de tudo era REDONDA, o FORMATO era o mesmo.
Isso deveria ocorrer no Futebol de Mesa. Considero absolutamente normal, nós botonistas, termos que nos adaptar com a mesa que cada clube usa. No Bloco do “R”, por exemplo, as mesas são antigas e diferentes da maioria dos outros clubes, que já possuem as novas mesas, cujo diferencial é que deslizam bem mais. Em alguns locais, existem pequenos desníveis, o que também é perfeitamente compreensível em virtude do piso de cada salão de jogo. Mas, a BOLA, que deveria ser redonda, não é! Resumo: o Futebol de Mesa sim, utiliza “Jabulanis”...
Classifico como inadmissível o que ocorreu em Poços de Caldas no Campeonato Brasileiro Individual. A principal competição do nosso esporte ser disputada com bolas de péssima qualidade. E se alguém duvida, estou com a minha ‘Jabulani’ guardada para comprovar.
Quem assistiu a partida final da categoria Adulto, entre Robertinho(PR) e Sérgio Nenê(SP), viu o que a bolinha fez com o botonista paulista. Não quero aqui desmerecer o título de Robertinho, que na minha opinião é um jogador totalmente diferenciado e que fez por merecer o tricampeonato, porém, em dois momentos da partida, Sérgio Nenê foi totalmente prejudicado pela bolinha, que “do nada” fez curvas mirabolantes na mesa e complicou o paulista.
E tirando esses lances da final, fico a pensar, quantos botonistas não foram prejudicados nesse campeonato. Quantos botonistas não perderam jogos ou foram eliminados, pelo simples fato de não conseguirem jogar com a tal ‘bola’...
E aí cabe algumas perguntas. Será que vale a pena gastar R$ 70 de inscrição, mais hospedagem de hotel, mais viagem, para passar raiva e desgosto nas mesas? Eu, por exemplo, gastei mais de R$ 300 nesse Brasileiro, deixei minha família e precisei negociar um dia no meu trabalho e confesso que a relação CUSTO-BENEFÍCIO não valeu a pena.
Aliás, nos 25 jogos que fiz nesse Brasileiro, em pelo menos 20, a ‘bola’ foi o principal personagem. E as reclamações não eram apenas minhas.
Gostaria também de tentar entender algumas coisas. Creio eu que se no futebol, o árbitro entrar em campo com uma bola de futebol americano, nenhum dos dois times irá aceitar jogar, então, por que no Futebol de Mesa, quando nos entregam essas ‘bolas’, somos OBRIGADOS a aceitá-la? Melhor ainda, por que o clube, a federação, aceita essas bolas e não as devolve ao fabricante exigindo que as mesmas estejam em CONDIÇÕES DE USO? E que fique bem claro, essas 'bolas' são pagas!
Se eu mandar fazer um time de botão e o mesmo vier com defeito, tenho certeza que entrando em contato com o fabricante, o mesmo irá trocar o produto. Por que isso não se aplica nas ‘bolinhas’?
Até quando vamos conviver com isso? De que adianta termos times lindos, mesas perfeitas, limpas, deslizando bem, se o principal produto é uma porcaria? Se no principal campeonato do Futebol de Mesa não se tem segurança de fazer uma jogada, porque ninguém sabe o rumo que a ‘bola’ irá tomar?
E não adianta justificar, alegando que temos apenas um fabricante no país, até porque se for assim, quando essa pessoa morrer, significa que o esporte acaba, pois ninguém mais fará bolas...
E para finalizar, também não aceito como justificativa o fato de alguém me dizer que eu apresente a solução, pois pago minhas taxas e filiações exatamente para que meu clube ou a federação que eu pertenço possa ir atrás e me proporcionar condições dignas de jogo.
Infelizmente não sou craque, pelo contrário, também não sou um exímio chutador do meio de campo, pratico Futebol de Mesa há mais de 20 anos e quem me conhece sabe que meu jogo se baseia no toque de bola, armar jogadas e chutar o mais próximo possível do gol, tudo isso foi praticamente IMPOSSÍVEL em Poços de Caldas. A minha indignação não é de hoje, mas chega uma hora que cansa, e confesso: a minha PACIÊNCIA acabou.
VALINI – Portador do registro 863 e filiado a Federação Paulista de Futebol de Mesa desde 1991.