quinta-feira, 5 de maio de 2011

Exclusivo: Melhor jogador do Brasil na atualidade, Robertinho desabafa: “Não me senti bem vindo em São Paulo”


Melhor botonista do Brasil na atualidade, Robertinho unificou em abril os títulos individuais de Campeão Brasileiro e da Copa do Brasil da modalidade. Nesta quarta-feira (5), o multicampeão paranaense falou com exclusividade a este blog sobre o feito e a preparação para o próximo campeonato nacional, que será disputado em junho na cidade de Poços de Caldas. Além disso, o atleta destacou a evolução do Futmesa paranaense, sua passagem pelo Futmesa paulista, onde afirmou que desagradou muitas pessoas e anunciou: o sonho é o título mundial. Confira abaixo a entrevista completa do craque.

Isto é Robertinho:

Roberto de Lara Rodrigues, ou simplesmente Robertinho começou sua trajetória aos 4 anos de idade, quando seu pai (o mega-campeão Nilson) tirava os cavaletes e colocava a mesa no chão para que o filho pudesse jogar. Desde muito cedo, ensinou o filho a segurar a palheta, trocar passes curtos e chutar pra gol. Com o tempo, Robertinho foi tomando gosto pelo futebol e essa paixão acabou passando para o Futebol de Mesa. Passou a jogar na regra atual (12 toques) com 9 anos, e ele mesmo assume, “jogava muito mal”. Com o passar dos anos e com os resultados ruins nos campeonatos, foi aprendendo a arte. Observando os melhores botonistas em ação, mudou seu estilo de jogo, a forma de pegar a palheta, utilizar as duas mãos para chutar, e assim, começou a evoluir. Com 14 anos já era respeitado pelos adultos e passou a ganhar muitos jogos. Em 1996 venceu o Brasileiro Individual Juvenil e de lá pra cá mantém um padrão de jogo muito alto. “Claro que de vez em quando acabo desconcentrando por um motivo ou outro e caindo de produção, mas isso é normal dentro de qualquer esporte”, relata.
Em sua “coleção de conquistas” faz questão de ressaltar que possui todos os títulos de campeonatos que disputou. Ao todo são 8 Paranaenses, 6 Taças - Paraná, 1 Sul-Brasileiro, 2 Copas do Brasil, 4 Brasileiros e 1 Brasileiro Inter-regras em 2004 no Rio Grande do Sul, que classifica como espetacular. “Quem sabe algum dia eu consiga disputar um Mundial? É esse título que falta”, completa.
Jogou por vários clubes, começando pelo Barracão, que era um snooker bar na região Metropolitana de Curitiba, passando pelo Paraná Clube, Círculo Militar-PR, D. Pedro II, Santos-SP, AABB e Curitibano, cores que defende na atualidade.


Blog: Qual a sensação de unificar os títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro Individual?

Robertinho: É uma sensação muito boa, um sentimento de dever cumprido, uma satisfação enorme de saber que todos os dias de treinamento valeram a pena.

Blog: Qual torneio é mais difícil: o Brasileiro Individual ou a Copa do Brasil?

Robertinho: Os dois campeonatos são muito difíceis, mas creio que a Copa do Brasil seja mais complicada de ganhar pela seleção dos participantes pelo ranking de cada estado. Muita gente boa ficou de fora dessa competição, o que não acontece no Brasileiro. A fórmula de disputa da Copa do Brasil favorece quem jogou melhor no geral, desde as primeiras rodadas, no Brasileiro, as últimas partidas é que são primordiais, se jogar bem os 6 jogos finais, ou seja, dos quadrangulares em diante, você sagra-se campeão. Claro que, pra chegar até os quadrangulares, também é preciso jogar muito, mas dá pra perder algumas partidas no percurso.

Blog: No último Brasileiro Individual, nós tivemos uma supremacia paranaense nas mesas, com 5 botonistas terminando entre os 6 melhores. E na Copa do Brasil, disputada agora em abril, novamente os dois lugares mais importantes foram paranaenses. O que explica essa evolução do Futmesa do Paraná?

Robertinho: Sempre tivemos atletas aqui no PR de bom nível técnico. A diferença entre os atletas, no meu ponto de vista, era a experiência. Em SP se joga um futebol de mesa de muita pressão, com rivalidade, estratégia e nervosismo. Já no PR, éramos amigos praticando o mesmo hobby. Isso mudou recentemente. A sede de títulos chegou com a junção dos rankings da liga Metropolitana e da liga União. Viramos atletas com habilidades semelhantes disputando vários campeonatos no ano, e com um agravante, adquirimos experiência em “batalhas”. Já não existem mais jogos fáceis aqui. Se quiser ganhar alguma coisa no PR, vai jogar contra botonistas habilidosos, experientes e acima de tudo, com vontade de vencer.

Blog: Por outro lado, o Paraná ainda não conquistou um torneio por equipes. O que é preciso ser feito, ou o que falta, para que o Futmesa paranaense por equipes, tenha o mesmo desempenho que os individuais?

Robertinho: Temos um time aqui no PR que se empenha muito no torneio de equipes que é o IVN de Londrina, e até conseguiu bons resultados. Os outros times levam a sério, se esforçam, mas não tem muitas condições de ganhar. Isto acontece porque cada um joga melhor por si. Ainda falta a ambição de ganhar um campeonato por equipes. Quem sabe pro futuro.

Blog: Há alguns anos atrás, você teve uma passagem vitoriosa pelo Santos. Como foi jogar no Estado de São Paulo? Acrescentou algo em tua carreira?

Robertinho: Foi muito legal representar um time de futebol. Aqui no PR jogamos em Clubes ou associações. Fiz amigos incríveis no Santos e foi uma das melhores experiências que tive no Futebol de Mesa. Jogar em SP foi muito difícil, senti que desagradei muita gente, causei polêmica, irritei dirigentes. Essa nunca foi minha intenção. Jogo porque gosto e não pra rebaixar ninguém ou desmoralizar quem perde. Não me senti bem-vindo, fui hostilizado, virei alvo. Com o tempo me acostumei com a torcida contra e isso sim acrescentou demais pra mim. Não sinto mais pressão de adversários que torcem contra, não me importo mais com os olhares voltados pra minha mesa, ou seja, fiquei muito mais focado, concentrado e experiente. Só tenho a agradecer.

Blog: Além de você, São Paulo já recebeu outros jogadores do Paraná, como Rogério, Marcel, Ferreirinha, Alex Bahr. Até que ponto é válido esse intercâmbio? Na sua opinião, por que jogadores de São Paulo não vão para outros estados?

Robertinho: O Marcel, Ferreirinha e eu fomos juntos para o Santos exclusivamente para o Interclubes. Eu fiquei uma temporada a mais porque gostei da experiência e achei que ia melhorar minhas habilidades jogando contra os paulistas. Não deu muito certo porque o ranking não permitiu que eu enfrentasse os tops. O Rogério também entrou nessa principalmente pela experiência Interclubes e por ser corintiano. O Alex mudou-se pra SP, nada mais natural do que filiar-se por lá e continuar jogando. Não acredito que o intercâmbio mude a forma de cada um jogar, muito pelo contrário, como eu disse antes, jogar em SP não é agradável, é competitivo.

Blog: Ano que vem será o Centenário do Santos. Você pensa ou já foi convidado para fazer parte desta festa? Sente vontade de voltar a jogar em São Paulo?

Robertinho: Depende de um fator, o financeiro, não pretendo gastar dinheiro viajando pra jogar. Voltaria a jogar em SP sim, sem problema nenhum, mas contratado e não como convidado. Sobre o Santos, é o meu time de coração dentro do futebol de mesa, todos são meus amigos, me trataram sempre muito bem e regularmente conversamos sobre uma possível volta, mas ainda não acertamos nada para o Centenário. Nunca escondi de ninguém que meu maior sonho é jogar pelo Flamengo-RJ. Esse seria um convite irrecusável.

Blog: Quais são suas expectativas para o Brasileiro Individual que acontece no próximo mês de junho em Poços de Caldas, onde estará defendendo o título? Serão todos contra o Robertinho?

Robertinho: Defendi o título Brasileiro de 2009 jogando ainda melhor em 2010. Pretendo treinar bastante, aperfeiçoar minhas falhas e chegar em ótimo estado técnico para o Brasileiro de 2011. Quero esse título ainda mais do que os anteriores, seria um feito único. Acredito que serão sim, todos contra mim. Por esse motivo tenho que estar bem preparado e pronto pra tudo. Será o mais difícil campeonato da minha vida e essa é a motivação para ganhá-lo. Sempre acredito que posso concretizar tudo aquilo que eu quero de verdade.

Blog: Onde se joga o melhor Futmesa do Brasil?

Robertinho: Individualmente hoje é no PR, os títulos provam isso. Em SP temos um número maior de atletas de nível mais alto e no RJ existem jogadores diferenciados como o Rhaniery e o Thiago, acho que o RJ está no caminho certo e, em breve, poderão surpreender.

Como você vê a divulgação do nosso esporte? O que falta e o que poderia ser feito para melhorarmos ainda mais a modalidade?

Robertinho: Temos pouca divulgação ou nenhuma, apenas anúncios como esporte amador ou brincadeira de criança. Eu gostaria de saber essa resposta pra poder colocá-la em prática e direcionar o Futebol de Mesa para o lugar de destaque que ele merece.

5 comentários:

rafael disse...

Cara, vc é muito bom mesmo hein?!!? Pq prá aguentar aqueles caras do Santos só sendo um "santo"...uhauauauha...brincadeira!
Abração,

Rafa Mello.

José Carlos disse...

Gostaria de agradecer aos rapazes do Bloco do R que estavam lá no sábado passado pela acolhida. Foi muito bom jogar com vocês e espero poder repetir em breve a dose. Abraços.

joão pedro disse...

Q nada Zé Carlos!
Seja bem vindo!

abç,

João pedro

Paulo Audician disse...

Sensacional a entrevista. O Robertinho é um gênio das mesas e um grande cara fora delas.

Abraços,
Farinha

Unknown disse...

Esse cara é craque dentro e fora das mesas. É um cara sensacional, foi um prazer jogar ao lado dele. Se o futebol de mesa você faz amigos, o robertinho é um deles.

Danilo - Santos.F.C.