Aos 55 anos, o técnico do Guarani, Oswaldo Alvarez, coroa os 20 anos de carreira levando o Guarani às semifinais do Campeonato Paulista. Desde que chegou ao Brinco de Ouro, o técnico bugrino instalou seu sistema de mini metas para manter a motivação do elenco. O time cumpriu as seis mini metas estabelecidas e se classificou para a fase final do Paulistão com três rodadas de antecedência. A boa campanha com o time campineiro ainda rendeu a quebra de algumas estatísticas. A muralha criada por Vadão, com Domingos e Neto, se sagrou como a melhor defesa do clube desde 1991 em Campeonatos Paulista. Nas partidas disputadas no Brinco de Ouro pelo estadual, são nove vitórias em dez jogos, um aproveitamento de 90%. Desde 2006, o ataque do Guarani não marcava tantos gols no estadual. E, de quebra, o treinador ainda trouxe para o cenário nacional Bruno Mendes, um jovem talento de 17 anos que é o mais novo cobiçado pelos grandes clubes.
A campanha do Guarani no início de 2012 é o reflexo destes vinte anos dedicados ao futebol. Conhecido como um estudioso, Oswaldo Alvarez procurou sempre preservar a característica e a qualidade técnica do futebol brasileiro, com esquemas táticos ousados, que priorizam a ofensividade. Seu primeiro trabalho como técnico se tornou um dos marcos de sua carreira. Em 1992, inovou a forma de jogar no 3-5-2, quando criou o inesquecível Carrossel Caipira, em Mogi Mirim. O estilo de jogo do clube paulista foi comparado, pela imprensa nacional, ao famoso Carrossel Holandês, da Copa do Mundo de 74. "O carrossel consistia no jogador fazer mais de uma função no jogo. O Capone era zagueiro, mas fazia às vezes de volante, enquanto o Fernando fechava atrás e o Chiquinho passava para a meia. O Válber e o Rivaldo avançavam como atacantes e voltavam para armar", explica Vadão.
O técnico possui no currículo as conquistas da serie C do Campeonato Brasileiro com o XV de Piracicaba, a do estadual e do torneio seletivo para a Libertadores com o Atlético-PR, da taça Rio-São Paulo pelo tricolor paulista e dois acessos a serie A do Brasileiro, com Vitória e Guarani. Além disso, Vadão ainda coleciona talentos que revelou para o futebol como Kaká e Rivaldo, eleitos melhores do mundo, Jadson e Rhodolfo. “Sempre gostei de trabalhar com jogadores jovens. Procuro integrar os juniores com os profissionais nos treinamentos. Isso vem desde o início da minha carreira, quando trabalhei no Mogi Mirim que era um clube conhecido por revelar jogadores”.
Na semana decisiva do derby que definirá qual o time de Campinas que irá para a grande final do Campeonato Paulista, o BLOG DO VALINI conversou com o técnico bugrino sobre os preparativos da decisão.
BV: O derby de domingo passou a ser o jogo mais importante de sua carreira como treinador?
Vadão: Acho que sim, pois nunca cheguei a final de um Campeonato Paulista e, coincidentemente, é contra o maior rival.
BV: Como está sendo feita a preparação do Guarani para esta partida?
Vadão: A preparação é semelhante a todos os jogos. A única coisa diferente são os treinos fechados por conta da rivalidade entre os clubes. Sempre programamos alguns treinos sem imprensa para termos a tranquilidade de trabalhar algumas jogadas sem que o adversário tenha conhecimento.
BV: O jogo da semifinal deverá ser muito diferente do que foi a partida disputada na fase de classificação (empate por 1 a 1)?
Vadão: Sim, porque além da rivalidade está em jogo a vaga para a final do Paulistão.
BV: Como justificar a surpreendente campanha do Bugre, que terminou a temporada 2011 lutando contra o rebaixamento na Série B nacional e com cinco meses de salários atrasados?
Vadão: Comprometimento e planejamento. Depois de reunir um grupo de jogadores que compraram a ideia de resgatar a imagem do clube, fizemos todo um planejamento para que os resultados fossem surgindo. Fizemos mini metas, trabalhamos com psicólogo. Houve uma união muito grande e isso favoreceu para o bom ambiente no clube.
BV: Você iniciou o Paulistão dizendo que o Guarani lutaria para permanecer na elite do futebol paulista. Em qual momento percebeu que o time poderia ir mais além na competição?
Vadão: Depois do empate contra o São Paulo. Acho que foi a primeira equipe grande que enfrentamos, com toda a qualidade que o São Paulo tem. Nós tivemos um começo com uma derrota de 3 a 0 para o Mogi Mirim e logo em seguida, enfrentamos o São Paulo e fizemos uma partida muito boa. Foi neste momento que senti que a equipe estava se encaixando.
BV: Qual é o ponto forte da equipe da Ponte Preta?
Vadão: O conjunto. É um time que já vem de um trabalho longo com o Gilson Kleina e apenas foi contratando peças chaves para melhorar o elenco.
BV: Existe alguma semelhança entre o Guarani de hoje e o Guarani que você comandou em 2009 e se sagrou vice-campeão brasileiro da Série B?
Vadão: Em termos técnicos são elencos diferentes. Mas, em termos de comprometimento e união, são muito parecidos. São dois elencos muito responsáveis.
BV: Após o sucesso obtido no Campeonato Paulista, você teme um desmanche da equipe para a disputa da Série B? Por outro lado, haverá novas contratações?
Vadão: A gente corre o risco de ter um assédio grande porque a equipe se destacou. A maioria dos jogadores tem contrato até o final do ano e as providências para o Campeonato Brasileiro, em termos de contratação, já estão sendo tomadas.
BV: Para finalizar, a violência entre as torcidas, que vem se tornando constante em Campinas, preocupa para o jogo de domingo?
Vadão: Preocupa. Dentro do estádio não, pois o policiamento faz um trabalho muito bom. Há separação de torcidas. O problema é que este controle não é efetivo nas ruas. No entorno do estádio não da para fazer previsões.
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