terça-feira, 28 de maio de 2013

Paulo Cesar Michilin: O “Senhor” Brasileiro



Não há como negar, na semana que antecede o Campeonato Brasileiro, a maior e mais importante competição individual do país, a ansiedade é outra, a expectativa é diferente, e claro, a vontade de ir para a mesa e jogar é imensa. Mas o que dizer de um botonista que caminha para a sua 25ª disputa seguida? Esse é Paulo Cesar Michilin (foto). O atleta da Sociedade Esportiva Palmeiras é o único na história do esporte que esteve presente em todas as edições do campeonato nacional. São 26 anos de botonismo, sempre com a mesma camisa. Títulos paulista, brasileiro, individuais, por equipes, enfim, Michilin é o que podemos chamar de “botonista completo”. E para homenagear esse craque do Futmesa, o BLOG DO VALINI publica hoje uma entrevista com o jogador palmeirense, que fala sobre seu início no esporte, explica sua paixão pelo Palmeiras, destaca a evolução do Futmesa, revela sua grande decepção nas mesas, a emoção de ser homenageado pela Federação Paulista e afirma que seu irmão continua sendo o maior vencedor de todos os tempos.

BLOG: Como e quando começou a praticar o Futebol de Mesa?
Michilin: Como toda criança da minha época, jogava "botão" desde meus 5 anos, mas descobri o Futebol de Mesa em 1987 (tinha 16 anos), através de uma reportagem de capa da Revista Placar e entrei em contato com a Federação Paulista. Nesse mesmo ano o Palmeiras montou seu Departamento de Futebol de Mesa e eu comecei a jogar lá e me filiei à Federação em 1988.

BLOG: Durante todo esse tempo só defendeu o Palmeiras? Nunca recebeu convites de outros clubes?
Michilin: Sempre joguei no Palmeiras. Já são 26 anos defendendo as cores do meu time de coração e não penso em trocar de clube. Já aconteceram alguns convites, pois tenho muitos amigos no Futebol de Mesa, mas só deixaria o Palmeiras se o departamento acabasse.

BLOG: O que o Futebol de Mesa representa em sua vida?
Michilin: É uma grande paixão e um esporte que eu levo a sério. Apesar de muitas pessoas acharem que o Futebol de Mesa é uma brincadeira, para quem se envolve nas competições, não tem como não se dedicar como qualquer atleta se dedica à sua modalidade. Já deixei de fazer muita coisa para poder participar das competições.

BLOG: Nesta semana você embarca para Goiás, onde irá disputar seu 25º Campeonato Brasileiro Individual consecutivo. O que essa marca representa?
Michilin: Outro dia parei para pensar nisso e cheguei numa conclusão “Como o tempo passa rápido” (risos) Se em 1989 me dissessem que eu iria participar dos próximos 25 campeonatos brasileiros, provavelmente eu não acreditaria, mas se passaram 25 anos e eu estou indo para mais um. Tenho muitas lembranças de todos esses brasileiros, pois é um momento muito especial do nosso esporte. Por exemplo, lembro do primeiro quando ainda não havia nenhum intercâmbio com outros estados, inclusive os primeiros jogadores do Paraná tinham botões do tipo Brianezzi. Olha só como nosso esporte evoluiu até hoje.

BLOG: Em quais condições você chega para esse Brasileiro de Goiânia? Em sua opinião, quem são os principais favoritos?
Michilin: Em todo Brasileiro eu tento jogar o meu melhor, não sei te dizer se isso pode me colocar entre os finalistas ou não. Posso dizer que estou indo muito motivado e isso é muito importante no nosso esporte. Os favoritos são: Robertinho, Rogério, Quinho, Galdeano e Thiago.

BLOG: Pela tua experiência como botonista, como explicar o fato do Futebol de Mesa paulista ganhar tantos títulos brasileiros por equipes e ver os paranaenses levando a melhor nos individuais?
Michilin: A explicação basicamente atende por um nome: Robertinho. O cara tá numa fase (já faz tempo) espetacular, ganha 4 em cada 5 torneios. Aí fica difícil para os demais. Já no Equipes acredito que as equipes paulistas tem um número maior de bons jogadores e isso faz diferença na somatória de pontos.

BLOG: Você já foi campeão paulista (Individual e por Equipes), já venceu o Brasileiro (Individual e por Equipes). Ainda falta algum título? O que mais você almeja dentro do Futmesa?
Michilin: O que me motiva é sempre tentar conquistar mais títulos. Já ganhei várias competições, mas acho que já poderia ter ganhado bem mais. Quem já ganhou algum título sabe o gostinho especial de se comemorar uma conquista. Então tento sempre repetir esse gostinho.

BLOG: O que o motiva a ainda continuar praticando o Futebol de Mesa? Pensa em parar?
Michilin: A paixão pelo esporte e a busca de novas conquistas. Penso em continuar nesse mesmo ritmo de hoje, ou seja, participar de todas as competições oficiais, principalmente as fora do estado, pois eu adoro viajar.

BLOG: Falando do Futebol de Mesa paulista, o que mudou no Palmeiras de 2013 com o time que terminou em 5º lugar na temporada passada?
Michilin: Basicamente a motivação e a volta da "nossa casa". Ano passado só jogamos como visitante e isso é muito ruim, dá uma boa vantagem aos adversários. Estávamos muito mal até o Brasileiro por Equipes, aí conversamos e vimos que tínhamos a chance de dar uma virada na situação. E foi o que aconteceu, ganhamos o Brasileiro e depois ganhamos as partidas que restavam no Paulista, inclusive sobre o campeão Corinthians. Além disso, tivemos a contratação do Jefferson que veio para nos ajudar nesse ano.

BLOG: Após vencer o primeiro turno do Paulistão com sobras, a equipe passou a ser a principal favorita ao título?
Michilin: Fizemos um belíssimo 1º turno, mas agora começa tudo do zero no 2º turno e ainda tem as fases semifinais e finais, em jogo único, onde tudo pode acontecer. Posso dizer que estamos querendo muito esse título.

BLOG: Em 2014, o Palmeiras comemora seu centenário. Quais são os projetos para o Futmesa? A equipe deverá disputar outras categorias (Aspirantes, Série C, Master)?
Michilin: Tudo vai depender da situação econômica do clube. Não sei qual será o orçamento para o próximo ano, logo ainda não dá para falar na disputa de outras categorias.

BLOG: No último Super Open Paulista, a FPFM te homenageou colocando seu nome em todas as séries. O que sentiu quando ficou sabendo desse acontecimento?
Michilin: Na verdade tomei um susto quando fui ver os grupos do torneio no site e vi meu nome e foto lá. Aí o Farah (presidente da FPFM) me mandou um e-mail falando da homenagem. Fiquei muito feliz e constatei que estou ficando velho (risos)

BLOG: Em sua opinião, o Futebol de Mesa evoluiu nesses últimos tempos? O que ainda pode ou precisa ser melhorado?
Michilin: Evoluiu demais, em todos os aspectos: organização, materiais, quantidade de praticantes, nossa regra difundida em vários estados e a internacionalização da nossa regra. Sempre há algo para ser melhorado, como as bolinhas por exemplo. Também sonho com nosso esporte sendo praticado em diversos países pelo mundo e isso já está começando a acontecer.

BLOG: Qual foi sua maior decepção no Futebol de Mesa?
Michilin: As maiores decepções são as derrotas, principalmente nas finais dos campeonatos. Uma recente que doeu bastante foi na partida contra o Círculo Militar no Campeonato Paulista de 2010. Na última rodada eu enfrentei o Vinicius e o jogo estava empatado quando tocou a campainha. Se ele não fizesse o gol, nós empatávamos o confronto e praticamente garantiríamos o título, mas o Vinicius acertou um belíssimo chute e o Círculo ficou com o título.

BLOG: E qual foi sua maior alegria?
Michilin: As conquistas e vou citar os 4 brasileiros por equipes, pois comemorar um título com os amigos do clube não tem preço!

BLOG: Quem é mais craque na família: Mauro ou Michilin?
Michilin: O Mauro, com certeza. Num esporte individual como o nosso, qualquer jogador para ser considerado craque, tem que ser julgado através de títulos, e nesse critério, o Mauro ganhou bem mais que eu, aliás, bem mais que todos os botonistas.

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