Não há como
negar, na semana que antecede o Campeonato Brasileiro, a maior e mais
importante competição individual do país, a ansiedade é outra, a expectativa é diferente,
e claro, a vontade de ir para a mesa e jogar é imensa. Mas o que dizer de um
botonista que caminha para a sua 25ª disputa seguida? Esse é Paulo Cesar
Michilin (foto). O atleta da Sociedade Esportiva Palmeiras é o único na história do
esporte que esteve presente em todas as edições do campeonato nacional. São 26
anos de botonismo, sempre com a mesma camisa. Títulos paulista, brasileiro,
individuais, por equipes, enfim, Michilin é o que podemos chamar de “botonista
completo”. E para homenagear esse craque do Futmesa, o BLOG DO VALINI publica
hoje uma entrevista com o jogador palmeirense, que fala sobre seu início no
esporte, explica sua paixão pelo Palmeiras, destaca a evolução do Futmesa,
revela sua grande decepção nas mesas, a emoção de ser homenageado pela
Federação Paulista e afirma que seu irmão continua sendo o maior vencedor de todos os
tempos.
BLOG: Como e quando
começou a praticar o Futebol de Mesa?
Michilin: Como
toda criança da minha época, jogava "botão" desde meus 5 anos, mas
descobri o Futebol de Mesa em 1987 (tinha 16 anos), através de uma reportagem
de capa da Revista Placar e entrei em contato com a Federação Paulista. Nesse
mesmo ano o Palmeiras montou seu Departamento de Futebol de Mesa e eu comecei a
jogar lá e me filiei à Federação em 1988.
BLOG: Durante todo
esse tempo só defendeu o Palmeiras? Nunca recebeu convites de outros clubes?
Michilin: Sempre
joguei no Palmeiras. Já são 26 anos defendendo as cores do meu time de coração
e não penso em trocar de clube. Já aconteceram alguns convites, pois tenho
muitos amigos no Futebol de Mesa, mas só deixaria o Palmeiras se o departamento
acabasse.
BLOG: O que o Futebol
de Mesa representa em sua vida?
Michilin: É
uma grande paixão e um esporte que eu levo a sério. Apesar de muitas pessoas
acharem que o Futebol de Mesa é uma brincadeira, para quem se envolve nas
competições, não tem como não se dedicar como qualquer atleta se dedica à sua
modalidade. Já deixei de fazer muita coisa para poder participar das
competições.
BLOG: Nesta semana
você embarca para Goiás, onde irá disputar seu 25º Campeonato Brasileiro
Individual consecutivo. O que essa marca representa?
Michilin: Outro
dia parei para pensar nisso e cheguei numa conclusão “Como o tempo passa rápido”
(risos) Se em 1989 me dissessem que eu iria participar dos próximos 25
campeonatos brasileiros, provavelmente eu não acreditaria, mas se passaram 25
anos e eu estou indo para mais um. Tenho muitas lembranças de todos esses
brasileiros, pois é um momento muito especial do nosso esporte. Por exemplo,
lembro do primeiro quando ainda não havia nenhum intercâmbio com outros
estados, inclusive os primeiros jogadores do Paraná tinham botões do tipo
Brianezzi. Olha só como nosso esporte evoluiu até hoje.
BLOG: Em quais
condições você chega para esse Brasileiro de Goiânia? Em sua opinião, quem são
os principais favoritos?
Michilin: Em
todo Brasileiro eu tento jogar o meu melhor, não sei te dizer se isso pode me
colocar entre os finalistas ou não. Posso dizer que estou indo muito motivado e
isso é muito importante no nosso esporte. Os favoritos são: Robertinho,
Rogério, Quinho, Galdeano e Thiago.
BLOG: Pela tua
experiência como botonista, como explicar o fato do Futebol de Mesa paulista
ganhar tantos títulos brasileiros por equipes e ver os paranaenses levando a
melhor nos individuais?
Michilin: A
explicação basicamente atende por um nome: Robertinho. O cara tá numa fase (já
faz tempo) espetacular, ganha 4 em cada 5 torneios. Aí fica difícil para os
demais. Já no Equipes acredito que as equipes paulistas tem um número maior de
bons jogadores e isso faz diferença na somatória de pontos.
BLOG: Você já foi
campeão paulista (Individual e por Equipes), já venceu o Brasileiro (Individual
e por Equipes). Ainda falta algum título? O que mais você almeja dentro do
Futmesa?
Michilin: O
que me motiva é sempre tentar conquistar mais títulos. Já ganhei várias
competições, mas acho que já poderia ter ganhado bem mais. Quem já ganhou algum
título sabe o gostinho especial de se comemorar uma conquista. Então tento
sempre repetir esse gostinho.
BLOG: O que o motiva
a ainda continuar praticando o Futebol de Mesa? Pensa em parar?
Michilin: A
paixão pelo esporte e a busca de novas conquistas. Penso em continuar nesse
mesmo ritmo de hoje, ou seja, participar de todas as competições oficiais,
principalmente as fora do estado, pois eu adoro viajar.
BLOG: Falando do Futebol
de Mesa paulista, o que mudou no Palmeiras de 2013 com o time que terminou em
5º lugar na temporada passada?
Michilin: Basicamente
a motivação e a volta da "nossa casa". Ano passado só jogamos como
visitante e isso é muito ruim, dá uma boa vantagem aos adversários. Estávamos
muito mal até o Brasileiro por Equipes, aí conversamos e vimos que tínhamos a
chance de dar uma virada na situação. E foi o que aconteceu, ganhamos o
Brasileiro e depois ganhamos as partidas que restavam no Paulista, inclusive
sobre o campeão Corinthians. Além disso, tivemos a contratação do Jefferson que
veio para nos ajudar nesse ano.
BLOG: Após vencer o
primeiro turno do Paulistão com sobras, a equipe passou a ser a principal
favorita ao título?
Michilin: Fizemos
um belíssimo 1º turno, mas agora começa tudo do zero no 2º turno e ainda tem as
fases semifinais e finais, em jogo único, onde tudo pode acontecer. Posso dizer
que estamos querendo muito esse título.
BLOG: Em 2014, o
Palmeiras comemora seu centenário. Quais são os projetos para o Futmesa? A
equipe deverá disputar outras categorias (Aspirantes, Série C, Master)?
Michilin: Tudo
vai depender da situação econômica do clube. Não sei qual será o orçamento para
o próximo ano, logo ainda não dá para falar na disputa de outras categorias.
BLOG: No último Super
Open Paulista, a FPFM te homenageou colocando seu nome em todas as séries. O
que sentiu quando ficou sabendo desse acontecimento?
Michilin: Na
verdade tomei um susto quando fui ver os grupos do torneio no site e vi meu
nome e foto lá. Aí o Farah (presidente da FPFM) me mandou um e-mail falando da
homenagem. Fiquei muito feliz e constatei que estou ficando velho (risos)
BLOG: Em sua opinião,
o Futebol de Mesa evoluiu nesses últimos tempos? O que ainda pode ou precisa
ser melhorado?
Michilin: Evoluiu
demais, em todos os aspectos: organização, materiais, quantidade de
praticantes, nossa regra difundida em vários estados e a internacionalização da
nossa regra. Sempre há algo para ser melhorado, como as bolinhas por exemplo.
Também sonho com nosso esporte sendo praticado em diversos países pelo mundo e
isso já está começando a acontecer.
BLOG: Qual foi sua
maior decepção no Futebol de Mesa?
Michilin: As
maiores decepções são as derrotas, principalmente nas finais dos campeonatos.
Uma recente que doeu bastante foi na partida contra o Círculo Militar no Campeonato
Paulista de 2010. Na última rodada eu enfrentei o Vinicius e o jogo estava
empatado quando tocou a campainha. Se ele não fizesse o gol, nós empatávamos o confronto
e praticamente garantiríamos o título, mas o Vinicius acertou um belíssimo
chute e o Círculo ficou com o título.
BLOG: E qual foi sua
maior alegria?
Michilin: As
conquistas e vou citar os 4 brasileiros por equipes, pois comemorar um título
com os amigos do clube não tem preço!
BLOG: Quem é mais
craque na família: Mauro ou Michilin?
Michilin: O
Mauro, com certeza. Num esporte individual como o nosso, qualquer jogador para
ser considerado craque, tem que ser julgado através de títulos, e nesse
critério, o Mauro ganhou bem mais que eu, aliás, bem mais que todos os
botonistas.
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